segunda-feira, 6 de abril de 2015

O expólio do aforro na Galiza supõe já 14.400 milhões de euros que "emigram"

O aforro galego emigra enquanto a dívida galega foi mais do que duplicada pelo governo de Feijoo (PP), o desemprego é maciço e os indicadores económicos galegos são os piores do Estado, continuando em recessão pelas políticas fiscais de "austeridade" ultraliberal.

 
A Galiza não atravessa a mesma crise do que outros territórios. Não é apenas uma crise demográfica, política ou económica, pois, antes de mais, é uma crise que situa à nossa nação ao borde do colapso e com perspetivas muito sombrias para além de seguirmos sendo "a Sibéria espanhola"; quer dizer, uma território que ao jeito das colónias apenas fornece matérias primas e energias sem qualquer desenvolvimento económico pensado desde o próprio país atendendo às necessidades das galegas e dos galegos.

Segundo o jornal galego Novas da Galiza (nº146, pp. 10-11) a Galiza tem colocado fora 14.400 milhões de euros de aforro que não encontram aqui destino e que, já que logo, alimentam investimentos exógenos ao nosso país.
Afinais de 2011 o Banco Popular absorveu ao Banco Pasto por 1.246 milhões de euros. Em 2013 Banesco adquiriu 88,33% do capital de Novagalicia Banco através do banco Etcheverria, previamente adquirido por Banesco. O importe ascendeu a 1.003 milhões de euros com pagamento aprazado de 60% até 2018. Uma operação muito lucrativa já que o Estado espanhol tinha injetado previamente 9.052 milhões de euros e, portanto, os contribuintes perdemos 8.000 milhões de euros na privatização da caixa galega. 
Por sua vez, o vice-presidente de Abanca fez público que no 2014 a sociedade ganhou 601 milhões antes de impostos que ascendem a 1.157 depois de impostos, pelo que em apenas um ano os benefícios amortiçam o preço da aquisição e, mesmo limitando-nos ao benefício antes de impostos consegue gerar a quota de pagamento aprazada ao FROB que ascende a 600 milhões.

Entre 2013 e 2014 o Banco Gallego integrou-se no Sabadell após o FROB ter injetado 325 milhões de euros na matriz compostelana. Assim, em apenas três anos a Galiza ficou despossuída de todas as suas cabeceiras bancárias.

Entre meados de 2007 e 2014 os depósitos cresceram na Galiza 14.400 milhões de euros (43.231 para 57.631) enquanto o crédito encolheu em 13.591 milhões no mesmo período (60.850 para 47.259). Hoje, os depósitos alcançam 57.631 milhões de euros contra 47.259 de crédito em vigor. Pela contra, se atendemos ao conjunto do Estado vemos claramente a singularidade da Galiza: o crédito concedido pelo sistema bancário espanhol em junho de 2014 superava os depósitos acumulados em 284.635 milhões, o que representa 27% do PIB do Reino de Espanha.

Desde meados de 2007 a meados de 2014 os depósitos galegos passaram de representar 4% da totalidade dos depósitos do Estado espanhol ao 4'7%, enquanto o crédito encolhia no mesmo período de 3'7% a 3'2% do total. Um período que, folga dizer, foi intenso na destruição de emprego e tecido produtivo na Galiza em todos os setores, também na pesca e na gandeiria.

Sem soberania, sem ferramentas políticas e económicas próprias, a Galiza mostra-se incapaz de acometer os processos de restauração necessários do seu tecido produtivo sem promoção da atividade económica pública e privada, também do investimento familiar. Esses 14.400 milhões de euros do aforro galego que "emigram" não podem exemplificar melhor o espólio continuado em todos os frentes que sofre a nação galega.




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