segunda-feira, 26 de maio de 2014

O 25-m em Chantada: ilusão ótica na esquerda, vitória da abstenção (atualizado com resultados por mesas)


Em Chantada, com o 100% escrutado, o 25 de maio foi a vitória da abstenção com 57'54% dos votos. 3107 pessoas sim votaram um 42'52% de participação (frente ao 51'45% das anteriores eleições europeias, e 48'23% em 2004), 2'35% de voto nulo (0'63% nas anteriores) e 4'19% em branco (1'12%).

O PP obtém 42'64% (51'45% nas nacionais de 2012) sendo o partido mais perjudicado pela abstenção e que não teve uma presença em apoderados e mobilização do seu voto (com as práticas já por todas e todos conhecidas) equiparáveis a outros comícios eleitorais. Já que logo, a perda da maioria absoluta da direita em Chantada deve olhar-se com cautela e tendo em conta que a direita em Chantada quando vai dividida (INTA/PP) obtém os seus melhores resultados. Seria uma ilusão ótica extrapolar estes resultados a umas municipais e seria um erro não conglomerar a toda a esquerda real chantadina que desta volta se dividiu entre AGEE, Podemos e BNG.

Nenhuma candidatura absorve uma parte notável da perda do PP, nem UPyD - completamente residual em Chantada- nem o PSOE. A maioria da grande baixada do PP (de 8 pontos) vai-se, já que logo para a abstenção, porque a participação nas eleições nacioanis de 2012 fora de 67'26% (42'52% desta volta). O resultado do PP não é nem muito menos mau se temos em conta as políticas do Governo central, da Junta da Galiza e ainda do concelho de Chantada (este último governado por uma excisão do PP, INTA, apoiada pelo PP).

O PSOE obtém 20'40% dos votos (17'06% nas nacionais de 2012) pelo que confirma, mais uma vez, que existe um travasse de votos entre uma parte do eleitorado do PSOE e INTA que desta volta apostou pelo PSOE, mas que, nas anteriores eleições locais apostara por INTA, que explicam a suba de votos da direita nas anteriores eleições locais (uma candidatura independente atrai voto que nunca iria para o PP).

AGEE obtém 11'83% dos votos emitidos frente aos 18'02% das nacionais de 2012. Por primeira vez desde as municipais Anova perde apoios em Chantada e deixa de ser segunda força. Para onde é que vai este voto? Se somamos o 6'03% de Podemos com o 11'83% de AGEE o resultado é de 17'83%, um resultado muito semelhante ao das nacionais de 2012 com uma pequena diferença que se vai a outros partidos. Por outras palavras, AGE perde parte do voto do espaço de ruptura que vai a Podemos e não confirma as suas expectativas de consolidar o sorpaso ao PASOK espanhol.

Podemos (6'03%) foi a grande ganhadora na Galiza e no Estado e é mais uma mostra de como, eleitoralmente, a Galiza se comporta cada vez mais como o resto do Estado sem um factor nacional próprio bem visível como acontece em Catalunya e Euskadi. As direções políticas do nacionalismo galego de massas (Anova e BNG) deveriam reflexionar fundamente sobre este fenómenos, embora o seu triunfalismo na noite eleitoral fazem que seja duvidável que isto se produza. Podemos contactou com o espaço de ruptura e com um eleitorado menor de 40 anos e, fundamentalmente, castelhano-falante nas vilas e cidades galegas que votava tradicionalmente BNG ou IU e mais recentemente Anova/AGE. Converteu-se na quarta força na Galiza passando por cima dum BNG em queda livre e no caso chantadino a prática totalidade do seu eleitorado votara AGE nas anteriores eleiç4oes nacionais. Podemos revela o imenso peso que a televisão e o mediático tem também entre o eleitorado da esquerda, com especial atenção às redes sociais.

O voto de Podemos é um voto que nasce duma geração de moças e moços que se batizam politicamente com o 15-m e que se formaram de costas ao campo nacionalista, pois naquela altura (finais da década de noventa) começava a sua longa marcha pelas instituições e o quintanismo que deixou o reforço do tecido social num segundo plano (que não consiste em demonstrações mais no trabalho em associações e movimentos de todo teor). Que AGE ou Anova perdam em tão pouco tempo parte desse espaço é uma muito má notícia para a questão nacional galega, máxime quando o BNG é incapaz de reaccionar e fazer autocrítica -semelha que vai afundar no seu isolamento, na sua doutrina dos dois mundos e no seu harakiri algo especialmente grave, terrível, quando grande parte do exíguo tecido social existente na Galiza se liga com essa força-.

O BNG obtém 5'50% sendo uma força já praticamente residual em Chantada face o 6'52% que obteve nas anteriores eleições nacionais. No caso Chantadino é de supor que o voto perdido foi parar a AGE, já que nas anteriores o BNG obtivera um bom número de votos fruto da confusão do eleitorado tradicionalmente nacionalista entre o BNG e Beiras.

Eleições europeias 2014 - Chantada

CANDIDATURA
VOTOS
PERCENTAGEM
PP
1294
42'64%
PSOE
619
20'40%
AGE em Europa – A esquerda plural
359
11'83%
PODEMOS
183
6'03%
BNG
167
5'50%
UPyD
61
2'01%
C'S
35
1'15%
PACMA
29
0'95%
Movimiento Red
23
0'75%

MESA
PP
PSOE
ANOVA
PODEMOS
BNG
São Fiz
100
34
12
14
4
Líncora
51
19
2
9
3
Brigos
52
11
20
3
6
Nogueira
63
10
0
3
2
A Lage
36
19
13
-
6
Muradelhe
60
41
34
-
2
Adá
49
46
16
4
8
Veiga
46
43
16
-
5
Mariz
46
18
18
-
6
Vila Uge
52
16
15
-
0
A Xulfe
48
12
8
-
2
Requeijo
52
15
11
2
7
Totais rural
655
284
165
52
59
1-4-A
98
29
24
18
10
1-3-A
116
66
32
24
23
1-3-B
137
83
48
33
29
1-1-U
145
80
51
29
25
1-2-U
141
77
39
27
21
Totais Vila
637
335
194
131
108


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Volta abrir a piscina climatizada em Chantada após ficar 4 meses fechada

A piscina climatizada de Chantada volve estar aberta após permanecer quatro meses fechada, desde o 23 de janeiro, dia em que finava o concrato com a empresa que gestionara este serviço municipal após a sua privatização durante a última etapa de Manuel Varela como alcaide do PP. O serviço será atendido por 8 pessoas selecionadas frente às 10 pessoas que trabalhavam nela com anterioridade.

A aposta por fazer o serviço novamente público, algo que desde aqui saudamos, contrasta no entanto com um processo marcado pela desorientação e as irregularidades.

Por último, no plano de equilíbrio orçamentar INTA apontava, com o apoio do PP, que era preciso reduzir o plantel em duas pessoas e ao tempo incrementar as tarifas num 10% (mantendo os 450 associados com os que contava antes do feche), que segundo os nossos cálculos poderia nuns anos significar uma suba real de 30% ou mais pelos desajustes nos cálculos.



20 anos de bravú: o festival de Cans faz-se eco do ANO DO BRAVÚ

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Agro e cinema desde Chantada até Cans

Agro e cinema: No ronsel de Cans
Cans 2013. Foto: Rafa Costas.


Esta quarta-feira começou o Festival de Cans.O agroglamour foi desde o seu início um dos seus sinais de identidade ao longo das suas onze edições, que consolidaram este festival de curtametragens e nesta edição Chantada será representada através de Alfredo Pardo e Chantada Films, responsáveis do vídeo-clip "Narco-corrido ribeirao" do grupo também rural Liviao de Marrao.

 Com um destacado impato internacional e um peso sensível no panorama audiovisual galego, Cans mostrou as possibilidades da sua original proposta: novos jeitos de cultura além dos espaços urbanos. Porém o cinema Chantadino vai além de Cans e quer ubicar-se num espaço rural com expresões culturais próprias e, por vezes, na vanguarda cultural da Galiza, embora o foco normalmente recaia sobre os espaços urbanos na configuração urbanocéntrica do sistema-mundo capitalista atual.

Em Chantada lança-se a ideia do CINEMA PALHEIRISO, uma proposta que visa, por médio da restauração dum antigo palheiro da vila, criar uma sala de projeções recuperando a fórmula empregada pelas companhias itinerantes em muitas paróquias do país durante o século XX. Os responsáveis da iniciativa, o cineclube Os Papeiros e a Federação de Cineclubes da Galiza, explicam que se empregará para celebrar os trinta anos da Federação.



 

 Chantada Films promove igualmente desde há anos o Rural Underground, cinema de vanguarda que se associa à promoção e defesa da língua galega, da paisagem galega e da participação no cinema dos núcleos tradicionais de população: Garibolis, Lola ou O labirinto ário são algumas das suas curta-metragens; ao pé doutras iniciativas como numerosos spots, para o festival de música alternativa Castanhaço-rock, que vai caminho da sua XII edição neste 2014; ou vídeo-clips para grupos de rock da comarca como Miguel Costas ("No me da la gana") e Liviao de Marrao ("Narco-corrido ribeirao").

No seu site, explica-se que é um método expressivo de revolução estética vanguardista, inventando e experimentando atrevidos recursos fílmicos mediante o emprego de mecanismos narrativos para construir uma realidade alternativa que, apelando às emoções, consiga influir nas mentes e vontades. Curtas já que logo centradas em Chantada e na sua contorna. Uma excelente nova a sua nominação em Cans neste 2014 da que também se fez eco a televisão de Chantada: Televinte. Chantada tem um potencial cultural ingente, embora atomizado, o que require tecer redes de integração de iniciativas e propostas culturais feitas desde Chantada e para Chatnada.


Os nacionalistas de Sober posicionam-se contra a lei de Telecomunicações

  A vereadora nacionalista Paula Vázquez Verao, colaboradora deste médio, apresentou recentemente uma moção em Sober para intar a apresentar um recurso de inconstitucionalidade contra a Lei 9/2014 de Telecomunicações ao passar por cima das competências municipais.
 
O controlo público sobre as telecomunicações é uma garantia democrática do direito à informação, segundo explica na moção Verao, e com a nova lei estatal de telecomunicações prima-se o interesse privado das grandes operadoras de telecomunicações frente o interesse comum do controlo democrático das telecomunicações e a costa da proteção do meio ambiente, dos espaços históricos e da saúde das pessoas. Aliás, a lei é uma nova volta de porca na recentralização, cada vez mais funda, do Estado espanhol.
 
A moção, com o argumentário completo é a seguinte:
 
  
MOCIÓN que presenta a Concelleira Non Adscrita, Paula Vaźquez Verao, ante o Concello-Pleno de Sober sobre a LEI 9/2014 DE TELECOMUNICACIÓNS

O pasado 10 de maio publicouse no BOE a Lei 9/2014, de Telecomunicacións, con entrada en vigor o 12 de maio de 2014.

Esta nova lei estatal supón unha recentralización competencial en materia de telecomunicacións, moi superior á extinta Lei 32/2003, e baleira completamente de contido as xa cativas competencias da Xunta que lle atribuía a recentemente aprobada lei autonómica Lei 3/2013, do 20 de maio, de impulso e ordenación das infraestruturas de telecomunicacións de Galiza, que queda así baleira de contido.

Esta nova lei estatal abonda na liberalización das telecomunicacións - a maior gloria e beneficio das operadoras privadas - grazas á supresión ou limitación de controis administrativos e de protección ambiental ou urbanística para a súa autorización, posta en servizo ou modificación, mesmo con carácter retroactivo.
A lei abre a porta á colocación de infraestruturas de telecomunicación onde e cando queiran as operadoras, tamén en espazos naturais protexidos ou en zonas históricas. As xa cativas competencias municipais e autonómicas en relación cos plans de despregamento e implantación das telecomunicacións quedan reducidas ao mínimo, sendo o goberno do Estado quen asume dita función de control.

Ante esta recentralización do Estado en materia de telecomunicación, as forzas políticas defensoras do municipalismo debemos reclamar a presentación inmediata de recurso de inconstitucionalidade contra a lei estatal, para garantir o mellor control democrático do despregamento das infraestructuras de telecomunicacións.

No que afecta ás competencias municipais, destacamos o seguinte:

- A nova lei extende xeneralizadamente a execión de control preventivo municipal (licenza de actividade ou de funcionamento), incluíndo novos supostos.
Na Lei 12/2012 xa se suprimía o trámite de licenza municipal previa, pero exceptuando de dita exención os casos que ocupasen unha superficie superior a 300 m2 ou, tratándose de instalacións de nova construcción, aqueles que tiveran impacto en espazos naturais protexidos, no patrimonio histórico-artístico o no uso privativo e ocupación dos bens de dominio público. Coa nova lei, substitúense as licenzas municipais por declaracións responsábeis nos supostos de ter a operadora de telecomunicacións aprobado plan de despregamento, suprimindo as licenzas previas aínda que as actuacións afecten a Rede Natura ou ao patrimonio histórico e aínda que as actuacións ocupen máis de 300 m2. Ademais, as actualizacións tecnolóxicas nas instalacións en servizo (que non afecten aos mástiles) non requerirán autorización de ningún tipo. E ditos cambios teñen eficaza retroactiva, na medida en que as solicitudes en trámite poderán ser substituídas xa por declaracións responsables.

- Limítase extraordinariamente a potestade de instalación e explotación de redes polas administracións públicas, xa que, ademáis de que é o Estado quen mediante Real Decreto fixará as condicións, a propia lei (art. 9) precisa que dita explotación se subordina ao “ principio de inversor privado” e sempre e cando nos distorsionen a competencia e non exista interés de concurrencia no sector privado. A subordinación do público (interese público xeral) ao privado deixa en papel mollado o art. 128 da Constitución.

- Se os concellos quixeran solicitar información ás operadoras deberán solicitalo previamente ao Estado (art. 10.2); forma de información que, por riba, será fixada por Real Decreto do estado (art. 34.4).

- O art. 34 da nova lei estatal limita a potestade dos instrumentos de planificación (plans ou ordenanzas), en tanto en canto “ non poderán establecer restricións absolutas ou desproporcionadas ao dereito de ocupación do dominio público e privado dos operadores nin impoñer solución tecnolóxicas concretas, itinerarios ou ubicacións concretas nos que instalar infraestructuras de rede de comunicacións electrónicas”, disposición que excede do que ben fixando a Xurisprudencia ao respecto das competencias locais en materia do réxime de distancias das infraestruturas (por exemplo, antenas de telefonía) a zonas sensibles (colexios, hospitais, zonas verdes, centros históricos, etc), así como en relación coa potestade de fixación polas CC.AA de normas sobre os requisitos mínimos das instalación en relación coa competencia plena en materia de urbanismo e ordenación territorial. Así, os municipios vén limitada a súa capacidade de ordenación de distancias das infraestructuras de telecomunicación en relación a espazos sensibles (naturais, históricas, sociais).
Do mesmo xeito, o principio de sustentabilidade ambiental (e da correlativa obriga de empregar a máis eficiente tecnoloxía disponible) e a determinación pola Xunta das normas para que os proxectos das instalacións “minimicen o seu impacto sobre o contorno, a paisaxe, o ambiente e o patrimonio cultural” quedan borrados pola lei estatal.

- A obrigatoriedade de uso compartido das instalacións polas administracións e operadoras pasa a ser asumido polo goberno do Estado, tanto respecto ás condicións como á propia decisión de obrigatoriedade.
Así, no art. 32 da lei estatal, é o Ministerio de Industria, Enerxía e Turismo o que aproba por Real Decreto, previo trámite de audiencia aos operadores, con carácter xeral ou para casos concretos, a utilización compartida do dominio público ou a propiedade privada na que se van establecer as redes públicas de comunicacións electrónicas o uso compartido das infraestructuras e recursos asociados.
É tamén o Ministerio o que resolverá sobre a petición dunha Administración Pública (coma un Concello) sobre tal uso compartido.

- O art. 35.5 da nova lei estatal obriga a que previamente a medidas de paralización cautelar ou de denegación de instalación, por exemplo, dos concellos respecto de obras de infraestrutura de telecomunicacións, teña que recabarse un informe preceptivo previo – e vinculante - do Ministerio; medida que vulnera a autonomía local.

O control público sobre as telecomunicacións é unha garantía democrática do dereito á información.
Coa nova lei estatal de telecomunicacións prímase o interese privado das grandes operadoras de telecomunicacións fronte ao interese común do control democrático das telecomunicacións e a costa da protección do medio ambiente, dos espazos históricos e da saúde das persoas.
Os concellos, administración máis próxima á cidadanía, perderán competencias nesta materia en beneficio dunha recentralización do Estado.

Polo exposto, proponse a adopción por parte do PLENO dos seguintes ACORDOS:

- A Corporación Municipal de Sober insta ao Goberno da Xunta de Galiza a presentar un recurso de inconstitucionalidade contra a Lei de Telecomunicacións pola invasión, baleirado e desapoderamento de competencias autonómicas propias.
- A Corporación Municipal de Sober acorda propoñer dentro da FEGAMP a presentación polo número de concellos requeridos dun conflito en defensa da autonomía local ante o Tribunal Constitucional contra a Lei de Telecomunicacións pola invasión, baleirado e desapoderamento de competencias municipais.

O Lama das Quendas aumenta a listaxe de demandantes da EOI e non compren...

Os bombeiros teñen mañá unha nova reunión coa empresa para negociar o co...

Como afecta cada escolha de voto no sistema eleitoral?

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Peccata minuta

Opinião de Antom Fente Parada (14/06/2013).


Segundo o alcalde de Chantada, o de sempre para que imos enganarnos, contar cun informe negativo da intervención da propia institución da que cobra, o concello, é unha peccata minuta. Non hai problema entón en que saian uns orzamentos con esa peccata minuta. O mesmo debe pensar a oposición invisíbel de PP e PSOE. Non obstante, ao mellor convén socializar coa veciñanza en que consiste esta peccata minuta.

Peccata minuta é presentar un proxecto de orzamentos para 2013 con 5 meses xa vencidos, prorrogando os de fai anos sen capacidade para sacar uns novos en tempo e forma.

Peccata minuta é levar sendo alcalde dous anos, e cun soldo nada cativo para os tempos que corren por cortesía de Ramón Reinoso, e ser incapaz de sacar uns orzamentos cun informe favorábel desde intervención.
Peccata minuta é inflar os orzamentos. En xullo de 2010 aprobábanse os orzamentos para 2011, que eran os vixentes até o último pleno, cun orzamento que superaba os 5.500.000 euros na época do canon e de fortes investimentos de diversas administracións en Chantada. No orzamento actual seica podemos contar con 5.300.000 grazas a uns ingresos que son invisíbeis como o vento e líquidos como a auga por iso non aparecen reflexados nas contas. Mais confiemos na palabra do alcalde e os cartos dos eólicos e do encoro xa chegarán.

Peccata minuta é conseguir que a Xunta invista directamente en Chantada a incríbel cantidade de 70.000 euros.

Peccata minuta é criticar na oposición que o gasto de persoal de 38% en 2011 era excesivo e ter hoxe un gasto na mesma partida de 41%.

Peccata minuta é que o gasto corrente do concello pasou de 27'5% a 38'5%.

Peccata minuta é que o servizo de débeda pasou de representar 1'7% do orzamento (96.000 euros) a 4'3% (232.000 euros).

Peccata minuta é reducir en 50% as políticas sociais nun contexto de grave crise económica onde moitas chantadinas e moitos chantadinos o están pasando mal ou emigrando.

Peccata minuta é que os investimentos reais pasaron de representar 16% do orzamento (896.000 euros) a 1'4% (45.000 euros).

Peccata minuta é pasar de recibir millóns de euros en investimentos de diversas administracións, e non só do canon, a non ver un patacón.

Peccata minuta é aprobar nun pleno hai meses a elaboración dunha nova ordenanza municipal de vados e que siga sen redactarse.

Peccata minuta é aprobar unha moción de Anova-Irmandade Nacionalista para gravar as empresas telefónicas, a banca e as empresas enerxéticas (e non os cidadáns) polo emprego privativo do espazo público e que siga a ordenanza sen facer.
Peccata minuta, como non, é incluír nestes orzamentos de 2013 os supostos ingresos desa ordenanza non nata, inventando así 16.000 euros. Seria un bo soldo anual para calquera dos mozos sen traballo, mais a Varela 16.000 euros parécenlle peccata minuta.

Peccata minuta é voltar orzamentar 150.00 eruos na partida de Bens Inmóbeis de Categoría Especial cando a liquidación di que iso é un exceso de previsión en toda regra. Mais como no conto da leitera o alcalde dun ovo fai unha granxa e da casa unha construtura... o resto só vemos unha tortilla algo escasa.

Peccata minuta é que os xuros que representaban en 2011 68.490 euros agora cheguen a 220.000 euros.

Peccata minuta é que en Cultura se orzamenten 5.000 euros para produtos alimenticios sen sabermos que exista un banco de alimentos para dar resposta ás situacións de emerxencia social às que, por certo, se lles recortou a partida orzamentada cando máis golpea a crise e o desemprego.

Peccata minuta é que o mesmo ingreso de 82.000 euros apareza recollido en 4 áreas diferentes: Cultura, Deportes, Turismo e Festas.

En definitiva, que os eólicos e os encoros nos asistan con tanta peccata minuta, porque a algúns non nos dan as contas. Aínda que para peccata minuta o xiro copernicano do PSOE que fai estraños, ou non tan estraños, compañeiros de cama. E o PP tamén axuda con propostas con son, esas si, peccata minuta e parecen sacadas dun filme de Cantinflas: levemos os carros do Folión a Compostela con Surribas, Reinoso, Susana e Manolo xunguidos e fagamos unha queimada como un mundo.

No seu libro O Porco de pé (1928), Vicente Risco comezaba falándonos de don Celidonio, que na posguerra ascendera de porco a marrao. O libro remataba cando don Celidonio e os caciques de sempre mandaban queimar a biblioteca municipal e que a banda de música tocara outra sonata porque a cultura e o saber son peccata minuta... até cando imos aturar que toquen sempre os mesmos a mesma partitura?

Un orixinal pregón que conectou o espazo exterior coas raíces na Festa d...

Os bombeiros trasladaron a súa loita laboral ós veciños de Chantada 05 0...

Televinte subiuse á Bertolina con máis de 651 000 visitas en Youtube nun...

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Mans limpas?

Xurxo Novoa Salgado (1986), é psicólogo e guitarrista no grupo musical Liviao de Marrao. É natural do lugar da Lagoa, na paróquia de Vila Uge.

Crise e globalização

Manuel Meixide Fernandes. O autor é professor no ensino secundário de língua e cultura francesa e escritor oriundo de Chantada.

 


Globalização ou mundialização seguem a ser palavras muito pouco conhecidas para a grande parte da população. Porém, o desvendamento do verdadeiro significado destas importantes palavras é fulcral para o futuro da comunidade humana. Infelizmente, o estado geral de indolência acrítica da sociedade atual, embriagada pelo materialismo e o hedonismo reinantes, não deixa espaço para a política, além da infrapolítica patrocinada pelo Estado e concretada na atual partitocracia. O termo globalização, definido e proclamado pelo poder político como uma idade dourada de progresso e bem-estar material a nível planetário, mesmo para os países ditos em vias de desenvolvimento, mas desconhecido pelo cidadão médio, significa realmente a instauração de um único sistema político e económico em todo o mundo, quer dizer, a instauração de um novo totalitarismo a nível mundial (superando largamente a velha ditadura liberal-parlamentar reinante em cada Estado concreto). Com efeito, este sistema único cria por sua vez um pensamento único e uma ideologia única, rechaçando com violência tudo o que for diferente. A conclusão é que este sistema produz a fortiori o que se costuma em chamar um governo totalitário.
A materialização formal deste governo, sem dúvida muito importante, não é essencial para o que estamos a explicar. Desde a queda do bloco comunista, começamos a viver sob este governo de signo totalitário. Vivemos o seu totalitarismo em todos os âmbitos, no âmbito ideológico, económico e político. Este totalitarismo foi sintetizado ajeitadamente em duas lapidárias e orwellianas expressões: o pensamento único e o fim da História, pertencendo esta última e conhecida expressão ao economista japonês neoliberal Fukuyama. Quanto ao caráter formal deste totalitarismo globalizante, sim temos um exemplo no planeta, a U.E., o único até o momento, pelo menos no âmbito económico, embora com cada vez maior poder político e executivo, nomeadamente a partir da crise financeira. É justamente a própria crise económica global no seio da U.E., a que está a centrar o debate político européu em redor de uma clara aposta pela integração política, desejo muitas vezes feito público pelas próprias autoridades europeias. Este velho desejo, refletido no próprio nome da organização, União Europeia -provavelmente já presente desde a sua fundação como CEE na década de 50 do século passado-, está a ser repetido cada vez com mais frequência: o ministro alemão pela Economia, Wolgfang Schauble, falou numa verdadeira revolução nos Estados membros, aproveitando a crise, que signifique uma maior integração política, até mesmo chegar à criação de um Governo da Europa com um presidente da Comissão Europeia eleito por sufrágio universal (El Pais, 13-11-2011, pág. 12). O presidente Zapatero é ainda mais claro durante um encontro da campanha eleitoral de 2011, quando diz textualmente : Tiene que haber un Gobierno europeo que tome decisiones para todos. (La Voz de Galicia, 18-11-2011, pág. 43). Por último, lembremos sempre que totalitarismo e eleições nominalmente democráticas não são termos contraditórios, como o demonstra a vitória por sufrágio universal do partido nacional socialista alemão na década de trinta do século passado.
Estes dous últimos exemplos, realmente significativos, transparecem de jeito evidente as íntimas intenções e desejos da classe política europeia: a criação de uma federação europeia com sé em Bruxelas. Poder-se-ia pensar num primeiro momento que tal federação é positiva para a população, como já se está começando a fazer de jeito mais ou menos explícito nos mass media, nomeadamente nos jornais, a continuar com a boa imagem da U.E. em geral. Neste senso, temos de lembrar que quando começou a crescer a U.E., este novo organismo político global foi apresentado pelos mass media como um claro avanço para a população europeia, sinónimo de progresso, europeísmo e bem-estar para todos. Quem pudesse estar em contra da U.E. era ou um imbécil ou uma pessoa de ideologias já fracassadas. Agora podemos ver como o monstro nasceu monstro e quer crescer cada vez mais. O mesmo aconteceu com o nascimento do euro, a moeda global europeia, sancta sanctorum da nova Europa, e agora imprescindível tesouro a proteger do alcance da crise. Perante estes flagrantes enganos do poder -mais alguns na sua extensa e numerosa lista através dos séculos-, o primeiro que temos de fazer é desmascarar sem medo a globalização. A globalização é a tirania sob um Estado monstruoso, como o está a demonstrar cada dia de jeito implacável a crise atual.
Todas estas afirmações não são um exagero precipitado, é a lógica histórica após a queda do muro de Berlim e da URSS. Após estes dous eventos históricos e o começo da última década do século passado, os dous blocos irreconciliáveis da guerra fria desaparecem, e o mundo já esta pronto para a sua uniformização. Esta uniformização vai ter como uma das suas principais ferramentas o livre comércio, mais concretamente o neoliberalismo ou ultraliberalismo económico, centrado na nova Rússia capitalista, na África do Sul post-apartheid e na abertura da China aos mercados internacionais. Este ultraliberalismo económico vai estar baseado nas teses da escola económica de Chicago, fundada pelo prémio Nobel de economia do ano 1973, Milton Friedman. Os eixos desta escola económica são três: desregulação do mercado, privatização, e redução das despesas públicas. Tudo para atingir a tese principal desta escola de pensamento económico: o mercado tem a capacidade de gerir-se a si próprio, e há que evitar qualquer tipo de obstáculo ou disfunção que possa evitar esta tendência natural. Por outras palavras, o objetivo é criar um livre comércio realmente livre, no que o único soberano seja ele próprio. Durante a década de noventa do século passado, a escola de Chicago vai ver aumentada a sua hegemonia e influência no pensamento económico mundial, a coincidir precisamente com o início do processo globalizador. O ultraliberalismo económico vai produzir o aceleramento da uniformização económica e política do planeta, usando a violência como principal ferramenta de implementação, como muito bem documenta a excelente e magna obra A doutrina do choque, de Naomi Klein.
Achamo-nos neste momento numa fase já avançada do complexo processo histórico denominado globalização, que nasce como já foi comentado acima, a começos da década de 90 do século passado com a desintegração da URSS e com o fim da guerra fria. A nova Rússia vai ser mais um país de economia capitalista, ao igual que os seus antigos satélites e as novas repúblicas independentes nascidas após a desintegração da confederação socialista soviética. A liberalização económica da URSS significa um enorme alargamento dos mercados internacionais capitalistas, porquanto estamos a falar do país mais extenso do planeta, a possuir numerosos recursos naturais. De uma outra parte, e com o desembarco dos Chicago boys -membros da escola económica de Chicago- na China por volta do ano 1985, introduzindo claras medidas económicas ultraliberais, o socialismo clássico no mundo desaparece quase de fato, reduzido a uns poucos países, entre os que se podem citar Cuba e Coreia do Norte. O exemplo paradigmático da nova época é sem dúvida a China, na que a partir da data antes indicada, vai-se praticar um sistema híbrido ou misto que poderiamos denominar sócio-capitalismo. O crescimento económico imparável da China coincide com a data da chegada da escola de Chicago a Beijing, crescimento portanto acontecido não por acaso.
A globalização, uniformização a nível planetário, baseada na industrialização e no banco, significa a transformação do ser humano numa máquina perfeita de produzir, uma máquina que terá de aumentar indefinidamente o seu horário de funcionamento para fornecer o combustível das monstruosas indústrias transnacionais. Por outras palavras, significa a robotização absoluta do ser humano. O indivíduo -incluindo o funcionariado-, tem de ser o novo robô das multinacionais e do novo Estado. O pouco tempo de lazer disponível tem por força de desaparecer, engolido pela lógica da produtividade, o rendimento, a competitividade e a concorrência, elementos tradicionais do livre comércio e da empresa privada capitalista que vão ser levados até às suas últimas consequências. Com efeito, estes elementos, plenamente desenvolvidos, também vão ser implementados no âmbito público -como já se está a ver na última legislação produzida pelo sistema-, nomeadamente na educação e na sanidade. A pequena e mediana empresa capitalista está condenada a desaparecer, engolida neste futuro de despiedada concorrência e produtividade. O caráter nacional destas empresas vai ser substituído no curto e meio prazo pelo capital transnacional, na sua grande parte o poderoso capital dos países emergentes, como testemunha a compra de mais de 200 empresas europeias pelas multinacionais chinesas durante o período 2008-2010.
De uma outra parte, o futuro dos pequenos negócios e dos empresários em nome individual também não parece muito fácil. Durante a presente e terrível crise económica global, miles de negócios estão a fechar as suas portas na Europa. O endividamento de muitos deles não lhes permite abrir um outro negócio, ficando condenados à marginalidade ou a qualquer tipo de emprego. As profissões liberais, por sua parte, estão também condenadas em geral a acabar nas mãos das grandes empresas e das multinacionais, oferecendo os seus serviços em troca de outras condições muito diferentes à época anterior à crise: muitas mais horas de trabalho e muito menos salário. A outra alternativa, a guisa de exemplo, são os 600 euros de média que estão a ingressar neste momento os arquitetos galegos. Aliás, o pobre e indigno status do empregado e do operário vai-se degradar ainda muito mais sem dúvida, ficando obrigado o indivíduo a escolher entre duas opções: a fome, ou prostituir o seu corpo num horário de escravo manual assalariado. As mesmas opções que tinha no século XIX, em plena expansão do capitalismo. Finalmente, a crise está destruindo aceleradamente a classe média, que cresceu de jeito exponencial graças à generosidade do Estado do bem-estar. O mais terrível desta destruição contínua é que não significa a baixa de um degrau no status, da classe média para a classe baixa, mas o verdadeiro descenso aos infernos da pobreza. Esta pobreza é o destino de centos de miles de pessoas que pertenciam à classe média, e agora têm de alimentar o seu ventre em comedores sociais.
A crise financeira global do biénio 2007-2008 é mais um passo fundamental na agenda globalizadora do poder e das elites governantes, criando os alicerces de uma nova ordem mundial na que o centro de gravidade geopolítico deixe de situar-se em Ocidente, passando a achar-se nos denominados países emergentes, nomeadamente a China. Isto significa o fim de um ciclo histórico de mais de quinhentos anos -desde a descoberta da América-, mas também o nascimento de um outro ciclo no que Ocidente terá de ter pela primeira vez um papel secundário ou subordinado. Este novo papel não deve fazer-nos esquecer a hegemonia ideológica: Ocidente vai seguir sendo hegemónico de um ponto de vista ideológico. O mundo globalizado graças a capitalismo e socialismo, é um modelo universal exportado pela cultura ocidental, adotado por todos os países do planeta. O modelo materialista e industrial de Ocidente triunfou em todo o mundo, pondo em perigo o equilíbrio ecológico da Terra, agredindo com violência as comunidades indígenas tradicionais, e marginando com frequência a cultura milenária dos novos países a colonizar, cultura muitas vezes profundamente antagónica com o próprio modelo ocidental. Um exemplo desta realidade é o Japão. Diz-se que no Japão convivem uma cultura milenária e uma das sociedades mais industrializadas do mundo, mas é mentira. O Japão renunciou aos seus valores tradicionais, em troca desta renúncia atingiu um desenvolvimento industrial e tecnológico que tem o elemento material como único valor. O mesmo acontece na China. Onde é que está a China de Confúcio e os seus valores morais tradicionais?. Essa China não convive com a China moderna, essa China desapareceu, ou melhor dito, essa China prostituiu-se em troca dos benefícios puramente materiais. E o mesmo aconteceu na Índia, onde a antiga tradição espiritual, moral e artesanal é substituída por um nefasto modelo industrial a partir da sua independência, atraiçoando o valioso legado de Mahatma Gandhi.
Após vinte e sete anos interrompidos de extraordinário crescimento económico, a China está prestes a se converter na primeira potência económica mundial, substituindo os EEUU. A crise está a beneficiar muito a economia chinesa, porquanto apesar de baixar o crescimento do seu PIB anual (do 12% ao 7%), como já foi mencionado acima, entre os anos 2008-2010 mais de 200 empresas europeias foram compradas por empresas chinesas a um preço muito baixo. Quase se poderia afirmar que quanto mais durar a crise mais crescerá exponencialmente a hegemonia económica chinesa. Historicamente, a potência ou império hegemónico é o que impõe a sua personalidade ao resto do mundo: o Império Romano, a potência da Antiguidade, impus as suas leis e a sua língua a boa parte da Europa, Oriente Próximo e norte de África; o Império Britânico, a potência do século XIX impus a sua vontade pelos cinco continentes, fazendo de Londres a capital financeira do mundo. A personalidade política chinesa, como sabemos, está baseada num sócio-capitalismo totalitário, onde o indivíduo deve manter obediência absoluta ao seu Estado, e onde a desobediência paga-se com a tortura e com a morte. A hegemonia económica e militar estadounidense, a partir do fim da II Guerra Mundial, uniformizou o mundo livre em base a um forte consumismo e uma forte industrialização, semeando o mundo de bases militares para atingir um controlo estratégico e geopolítico do planeta. Esta foi a histórica hegemonia norte-americana, possibilitada pela guerra fria e a sua ameaça constante (o arsenal nuclear também estava justicado nesse mesmo contexto). Como é que será a muito provável hegemonia chinesa?.
Tendo em linha de conta que a intervenção do FMI na Europa durante a crise, está a condenar os países intervidos a uma hipoteca de duração indefinida para pagarem os elevados empréstimos da organização internacional, e que a quarta economia da UE , a espanhola, já foi intervida no seu setor bancário, a economia europeia aproxima-se claramente para o seu ocaso prolongado e definitivo. Tudo isto sem falarmos da política de austeridade e da sua consequência, as profundas reformas estruturais -pura aplicação das teses da escola de Chicago-, e que está a condenar o conjunto da UE a uma profunda e indefinida recessão, incluída a Itália, a terceira economia da zona. Para sermos mais exatos, haveria que dizer que toda a economia ocidental semelha caminhar para o seu ocaso no curto prazo, afirmação fundamentada no débil crescimento estadounidense a partir de 2009 -em redor de um 3% do PIB-, comparado com o imparável crescimento chinês. Destarte, o principal agente do projeto globalizador-totalitário semelha ser o país natal do filósofo Confúcio. Podemos enganar-nos nestas observações, mas não parece descabelado pensar deste jeito. Isto poderia significar a exportação do modelo híbrido sócio-capitalista chinês ao resto do mundo: a liberalização total da economia de uma parte, e o controlo também total do indivíduo sob o Estado de uma outra.
É fundamental portanto que a população saiba o que é a globalização, a perda não só das diferentes soberanias nacionais -perda que se está a produzir dia após dia desde que começou a crise-, mas da liberdade individual e coletiva em nome de uma soberania globalizante e totalitária muito maior e pior do que a nacional, que implica necessariamente a morte da consciência do indivíduo e a sua entrega total em mãos do novo Estado. Isto não é um exagero, agora podemos assistir à tomada de poder desta nova estrutura política globalizante por cima das legislações nacionais, como já ocorreu com a Constituição Espanhola, sem modificar desde 1978 e mudada não há muito em tempo recorde pelas elites europeias para a adatar às novas exigências globalizadoras e ultraliberais, com a inestimável colaboração do Congreso de los Diputados. Aquele que tiver dúvidas sobre o caráter ditatorial e totalitário da globalização em marcha, que reflita sobre tudo o que se está a fazer na Europa desde o início da crise: o resgate da banca, os cortes contínuos e sangradores no âmbito social, a mutilação das pensões, o despedimento de miles de trabalhadores públicos e a mutilação do seu salário, a legislação para criminalizar a resistência pacífica e a liberdade de expressão... Se tudo isto, feito com o mais absoluto desprezo dos cidadãos e da sua opinião, não são os traços de uma terrível ditadura global emergente, então é que temos os olhos vendados pela formosa miragem da democracia moderna.
Finalmente, perante a estrema complexidade e gravidade política dos acontecimentos que estamos a viver, e que aumentará sem dúvida no futuro por causa da própria inércia dos fatos, cumpre fazer antes de mais uma profunda reflexão. Primeiro, a maravilhosa globalização que nos prometiam não é tão maravilhosa e está-se a manifestar durante a crise como claramente tirânica e anti-democrática; segundo, a própria ideia de civilização fica questionada, quer dizer, o denominado progresso, herdado do pensamento ilustrado e das revoluções liberais do século XIX, baseado no modelo da industrialização -comum em capitalismo e socialismo e alicerçado no banco-, está a oprimir o cidadão até o ponto de anular completamente a sua vontade e a sua capacidade de decisão. Por outras palavras, a civilização está a anular o indivíduo. Terceiro, cumpre portanto uma revisão racional profunda e pelo miúdo do significado das palavras civilização, cidadão e democracia. Esta revisão e análise rigorosas têm-nos que ajudar a achar o lugar da verdadeira civilização, mas também da verdadeira democracia.