segunda-feira, 26 de maio de 2014

O 25-m em Chantada: ilusão ótica na esquerda, vitória da abstenção (atualizado com resultados por mesas)


Em Chantada, com o 100% escrutado, o 25 de maio foi a vitória da abstenção com 57'54% dos votos. 3107 pessoas sim votaram um 42'52% de participação (frente ao 51'45% das anteriores eleições europeias, e 48'23% em 2004), 2'35% de voto nulo (0'63% nas anteriores) e 4'19% em branco (1'12%).

O PP obtém 42'64% (51'45% nas nacionais de 2012) sendo o partido mais perjudicado pela abstenção e que não teve uma presença em apoderados e mobilização do seu voto (com as práticas já por todas e todos conhecidas) equiparáveis a outros comícios eleitorais. Já que logo, a perda da maioria absoluta da direita em Chantada deve olhar-se com cautela e tendo em conta que a direita em Chantada quando vai dividida (INTA/PP) obtém os seus melhores resultados. Seria uma ilusão ótica extrapolar estes resultados a umas municipais e seria um erro não conglomerar a toda a esquerda real chantadina que desta volta se dividiu entre AGEE, Podemos e BNG.

Nenhuma candidatura absorve uma parte notável da perda do PP, nem UPyD - completamente residual em Chantada- nem o PSOE. A maioria da grande baixada do PP (de 8 pontos) vai-se, já que logo para a abstenção, porque a participação nas eleições nacioanis de 2012 fora de 67'26% (42'52% desta volta). O resultado do PP não é nem muito menos mau se temos em conta as políticas do Governo central, da Junta da Galiza e ainda do concelho de Chantada (este último governado por uma excisão do PP, INTA, apoiada pelo PP).

O PSOE obtém 20'40% dos votos (17'06% nas nacionais de 2012) pelo que confirma, mais uma vez, que existe um travasse de votos entre uma parte do eleitorado do PSOE e INTA que desta volta apostou pelo PSOE, mas que, nas anteriores eleições locais apostara por INTA, que explicam a suba de votos da direita nas anteriores eleições locais (uma candidatura independente atrai voto que nunca iria para o PP).

AGEE obtém 11'83% dos votos emitidos frente aos 18'02% das nacionais de 2012. Por primeira vez desde as municipais Anova perde apoios em Chantada e deixa de ser segunda força. Para onde é que vai este voto? Se somamos o 6'03% de Podemos com o 11'83% de AGEE o resultado é de 17'83%, um resultado muito semelhante ao das nacionais de 2012 com uma pequena diferença que se vai a outros partidos. Por outras palavras, AGE perde parte do voto do espaço de ruptura que vai a Podemos e não confirma as suas expectativas de consolidar o sorpaso ao PASOK espanhol.

Podemos (6'03%) foi a grande ganhadora na Galiza e no Estado e é mais uma mostra de como, eleitoralmente, a Galiza se comporta cada vez mais como o resto do Estado sem um factor nacional próprio bem visível como acontece em Catalunya e Euskadi. As direções políticas do nacionalismo galego de massas (Anova e BNG) deveriam reflexionar fundamente sobre este fenómenos, embora o seu triunfalismo na noite eleitoral fazem que seja duvidável que isto se produza. Podemos contactou com o espaço de ruptura e com um eleitorado menor de 40 anos e, fundamentalmente, castelhano-falante nas vilas e cidades galegas que votava tradicionalmente BNG ou IU e mais recentemente Anova/AGE. Converteu-se na quarta força na Galiza passando por cima dum BNG em queda livre e no caso chantadino a prática totalidade do seu eleitorado votara AGE nas anteriores eleiç4oes nacionais. Podemos revela o imenso peso que a televisão e o mediático tem também entre o eleitorado da esquerda, com especial atenção às redes sociais.

O voto de Podemos é um voto que nasce duma geração de moças e moços que se batizam politicamente com o 15-m e que se formaram de costas ao campo nacionalista, pois naquela altura (finais da década de noventa) começava a sua longa marcha pelas instituições e o quintanismo que deixou o reforço do tecido social num segundo plano (que não consiste em demonstrações mais no trabalho em associações e movimentos de todo teor). Que AGE ou Anova perdam em tão pouco tempo parte desse espaço é uma muito má notícia para a questão nacional galega, máxime quando o BNG é incapaz de reaccionar e fazer autocrítica -semelha que vai afundar no seu isolamento, na sua doutrina dos dois mundos e no seu harakiri algo especialmente grave, terrível, quando grande parte do exíguo tecido social existente na Galiza se liga com essa força-.

O BNG obtém 5'50% sendo uma força já praticamente residual em Chantada face o 6'52% que obteve nas anteriores eleições nacionais. No caso Chantadino é de supor que o voto perdido foi parar a AGE, já que nas anteriores o BNG obtivera um bom número de votos fruto da confusão do eleitorado tradicionalmente nacionalista entre o BNG e Beiras.

Eleições europeias 2014 - Chantada

CANDIDATURA
VOTOS
PERCENTAGEM
PP
1294
42'64%
PSOE
619
20'40%
AGE em Europa – A esquerda plural
359
11'83%
PODEMOS
183
6'03%
BNG
167
5'50%
UPyD
61
2'01%
C'S
35
1'15%
PACMA
29
0'95%
Movimiento Red
23
0'75%

MESA
PP
PSOE
ANOVA
PODEMOS
BNG
São Fiz
100
34
12
14
4
Líncora
51
19
2
9
3
Brigos
52
11
20
3
6
Nogueira
63
10
0
3
2
A Lage
36
19
13
-
6
Muradelhe
60
41
34
-
2
Adá
49
46
16
4
8
Veiga
46
43
16
-
5
Mariz
46
18
18
-
6
Vila Uge
52
16
15
-
0
A Xulfe
48
12
8
-
2
Requeijo
52
15
11
2
7
Totais rural
655
284
165
52
59
1-4-A
98
29
24
18
10
1-3-A
116
66
32
24
23
1-3-B
137
83
48
33
29
1-1-U
145
80
51
29
25
1-2-U
141
77
39
27
21
Totais Vila
637
335
194
131
108


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